“A gente precisa azeitar a democracia, porque a nossa está enferrujada”, diz Sérgio Britto 6s1i22
Com mais de 30 anos de carreira, os Titãs estão em um momento de renascimento. Logo depois de lançar seu 18º disco chamado Nheengatu, a banda lançou ontem (05) no Youtube seu novo clipe, Fardados. Com um rock de peso, o novo álbum remete aos primórdios dos Titãs, com semelhanças do disco Cabeça de Dinossauro, de 1986.
A banda ou por uma renovação. Agora com cinco integrantes, conta com o baterista Mário Fabre. Paulo Miklos está no vocal e na guitarra, Branco Mello e Sérgio Britto se revezam no baixo e Tony Belloto na guitarra.
“A gente ou por um processo bom do último disco [Sacos Plásticos] para cá. Saiu o Charles e entrou o Mário na Bateria. A gente revisitou o Cabeça de Dinossauro e foi tão bacana que fizemos uma grande turnê e regravamos o CD e DVD. Agora estamos com a formação nova, com um rock mais básico, mais nervoso. Esse processo levou cinco anos e desembocou em Nheengatu”, lembra Branco. “ A gente precisa azeitar a democracia, porque a nossa está enferrujada”, d
Ao contrário da letra divertida de Cabeça de Dinossauro, que foi criada espontaneamente, as músicas de Nheengatu são muito críticas e foram inspiradas no momento político do Brasil. “Fardado foi feita na época das manifestações de junho do ano ado. O bordão ‘Fardado, você também é explorado’ é usado em manifestações. Eu vi uma foto de uma garota delicada no meio de um protesto, segurando um cartaz com essas palavras, e fiquei pensando que aquilo era um paradoxo.”, explica Britto.
“A música questiona o cara que tá fardado. Ela diz: ‘ponha-se no meu lugar, pessoa fardada, você também é um cidadão, você também é explorado’. É preciso um amadurecimento muito grande para não cair em provocação de ambos os lados. A gente tá amadurecendo isso”, complementa Paulo.
Segundo Britto, a democracia é feita do equilíbrio entre os três poderes. E fala sobre as necessidades dos cidadãos brasileiros: “Não só precisamos colocar a pessoa lá, mas também tirar uma pessoa de lá. Também precisamos do quarto poder, a imprensa precisa ter liberdade. A gente precisa azeitar a democracia, porque a nossa está enferrujada. Isso gera revolta, sensação de impotência. O disco é uma polaroide do que a gente tá vivendo”, diz ele.
Nheengatu é uma língua derivada do tupi-guarani, criada pelos jesuítas no século XVII para unir as tribos do Brasil e os portugueses. Assim todos poderiam se entender. Já a capa do disco, uma imagem da Torre de Babel, faz referência à dificuldade de comunicação e como isso resultou em desastre.
“É como os estádios e aeroportos do Brasil, ninguém se entende e tudo meio que parou”, compara Paulo. “A copa é um grande momento, um palco onde as coisas podem acontecer, a gente pode levantar bandeiras”, diz ele.
Durante o Pânico, a banda falou mais sobre o momento político do Brasil, falou sobre o DVD Cabeça de Dinossauro, contaram mais detalhes do novo álbum. Confira na íntegra o áudio.
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